quarta-feira, 13 de maio de 2009

Laranja

Copiei da Lucia Hippolito esta interessante história sobre os “laranjas”:

“Em primeiro lugar, quero agradecer a colaboração de todos. Foram 63 comentários, sendo que 95% apresentaram sugestões, forneceram tentativas de resposta, histórias saborosas, explicações mirabolantes, mas todas muito divertidas, além de verossímeis.
As explicações mais criativas vieram de Edson Oliveira, Rafael Fonseca, R. Gouveia, Velhinho Rabugenteo (adorei o nick!), Estevane Carvalho e Ronaldo.
Como não pude me decidir a respeito de uma única versão, juntado todas montei a seguinte história:
O termo “laranja” nasceu no meio policial. Tratava-se de um intermediário que servia de fachada para acobertar um ilícito. Nem sempre o “laranja” era um inocente útil. Boa parte das vezes era recompensado financeiramente pelo uso de seu nome e tinha conhecimento da sua participação na tramóia.
Mas por que a palavra “laranja”?
O uso remonta à década de 70, quando presos políticos necessitando de fundos para manter suas famílias, criaram as “pirâmides”, jogo no qual uma pessoa, que era chamada de “limão”, deveria aliciar outras dez pessoas para o jogo, fazendo pagamentos para que os “limões” recebessem. Isso acontecia sistematicamente, pois para alguém receber, alguém deveria pagar.
As pessoas que faziam o pagamento eram chamadas de “laranjas” e dificilmente obtinham seu dinheiro de volta, isto é, eram as pessoas que pagavam e não recebiam o seu dinheiro de volta.
Por isso, nas penitenciárias o “laranja” passou a acobertar todo tipo de crime: tráfico, assassinato, violência sexual, roubo, entre outros.
Na década de 80, um escândalo envolvendo produtores de laranja no interior de São Paulo e um empréstimo obtido, com a ajuda de alguns políticos, junto ao Banco do Brasil para abafar o caso popularizaram o termo “laranja”.
Ainda na década de 80, o termo “laranja” foi utilizado no Sistema Financeiro de Habitação. As construtoras e incorporadoras contraíram empréstimos na Caixa Econômica Federal.
Mas a inflação aumentou, os imóveis caíram de preços, e as vendas estacionaram. Para não ficar com o passivo que subia com a correção monetária, construtoras e incorporadoras venderam imóveis a pessoas que não tinham condições de arcar com a dívida.
Mas poderiam ficar dois a três anos no imóvel, até que ele fosse tomado pela Caixa. Estas pessoas eram os “laranjas”. Na época calculou-se em mais de 20% dos financiamentos da Caixa nesta situação.
E assim, de escândalo em escândalo, os “laranjas” se tornaram um termo popular no vocabulário político brasileiro.
Agora, o prêmio de explicação criativa vai para Estevane Carvalho. Trata-se do seguinte:
“Há muitos anos, em algum país da Europa, as pessoas foram proibidas de ingerir bebida alcoólica em público. Para enganar as autoridades, as pessoas espremiam as laranjas e as embebiam de bebida alcoólica.
Ou seja, as laranjas eram apenas fachadas, disfarce.”
Como dizem os italianos, si non é vero, é bene trovato.”

Em http://www.stickel.com.br/atc/coisas/3390


Ou ainda em outro site:

"LARANJA (aquele que assume a culpa no lugar do outro): (...) pessoa ingênua, simples ou sem importância. (...) pessoa quesubstitui outra em muitas situações. Essa reificação surgiu no final da década de 70 com as chamadas “pirâmides”, jogo no qual havia uma pessoa que era chamada de “limão” que deveria aliciar dez pessoas para o jogo, fazendo pagamentos para que os “limões” recebessem. Isso acontecia sistematicamente, pois para alguém receber, alguém deveria pagar. As pessoas que faziam o pagamento eram chamadas de “laranja” e dificilmente obtinham seu dinheiro de volta, isto é, eram as pessoas que pagavam e não recebiam o seu dinheiro de volta. Esse vocábulo está relacionado à violência devido ao fato de o laranja, nas penitenciárias, estar sempre acobertando algum tipo de crime, seja tráfico, assassinato, violência sexual, roubo, entre outros."
Fonte(s):
http://www.mj.gov.br/Depen/publicacoes/d...



Portanto, há duas histórias coincidentes, o que dá força a essa versão. Além disso, apesar deste link para o site do MJ estar morto, essa resposta é de 2 anos atrás, então há alguma - apesar de pouco provável – possibilidade de em algum momento ter havido essa explicação no próprio site do Ministério da Justiça.

Ainda Relacionado ao tema:

Como dizer 'laranja' em inglês?
Um leitor novo aqui no blog pode achar que eu estou apelando no título deste post. Afinal, 'laranja' em inglês é 'orange'. Simples, rápido e fácil! Qualquer dicionário de inglês diz isto! Qualquer aluno iniciante aprende isto nas primeiras aulas.Acontece que estou aqui me referindo a outro tipo de laranja. Aqui quero falar sobre a pessoa que - sem saber ou mesmo sabendo - acaba dando seu nome e demais dados para ocultar as maracutaias de uma outra pessoa. Os políticos sabem muito bem do que se trata!Em inglês a expressão usada para isto é 'straw-man'. Segue a definição de acordo com o dicionário:"a person to whom title to property or a business interest is transferred for the sole purpose of concealing the true owner and/or the business machinations of the parties. Thus, the straw man has no real interest or participation but is merely a passive stand-in for a real participant who secretly controls activities. Sometimes a straw man is involved when the actual owner is not permitted to act, such as a person with a criminal record holding a liquor license."Logo, pela definição percebe-se como 'straw-man' é a pessoa que tem seu nome e registros legais usados em transações geralmente ilícitas em benefício de terceiro, cuja identidade fica oculta.Agora você já sabe, quando te perguntarem como dizer 'laranja' em inglês você poderá dizer 'orange' ou 'straw-man'. That's it! take care!


Portanto, há pelo menos duas fontes com a mesma história sobre o assunto (precedentes jurisprudenciais, se preferirem), o que dá força a essa versão da "pirâmide de crimes e essas coisas". Além disso, apesar deste link para o site do MJ estar morto, essa postagem é de 2 anos atrás, então há alguma - apesar de pouco provável – possibilidade de em algum momento ter havido essa explicação no próprio site do Ministério da Justiça.

Abraços

Raoni Macedo Bielschowsky

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